Bom, este blog começou com este texto....e pelo jeito vai terminar como começou!!!
(texto da Ligia Cabus do Nascimento ― Mahajah!ck)
ADÃO & EVA
A história de Adão e Eva, além de ter sido adotada por correntes religiosas periféricas ao judaísmo e ao cristianismo, possui numerosas releituras em todas as nações, caso muito semelhante à "História do Dilúvio de Noé". Tal como Noé, que muda de nome mas a identidade permanece a mesma, Adão e Eva também aparecem sob as mais exóticas roupagens culturais around the world mas sempre cometendo o pecado original.
"Original" porque foi o primeiro, origem da série de pecados que seriam cometidos depois. Antes disso, nos Gênesis, sejam gregos ou católicos, os homens eram "puros", seja lá o que PURO possa significar! Mas eram puros e pelo que se pode deduzir dos relatos, ser puro era algo que incluía a "incapacidade" (?) ou a "não-disposição" e, ainda, talvez, não-habilitação (?) para cometer erros. É uma condição complexa. Não "poder" cometer erros implica não escolher nunca, nada, em hipótese alguma porque a origem do erro está na possibilidade de escolha. Mais ainda, não errar nunca, pressupõe não agir nunca, posto que toda ação é manifestação de escolha. Uma dor de cabeça isso tudo!
Mas o fato é que no modelo padrão judaico-cristão, um homen, com o auxílio do desserviço fundamental de sua mulher, pecou! Eles viviam no Jardim do Éden, o paraíso! Em meio à liberdade do vento nos cabelos saltitando pelas campinas somente uma, uma só proibição havia: não comer do fruto de única árvore em um lugar repleto de jardins e pomares; uma regra apenas, e o jeca (mentecapto, retardado) do Adam conseguiu, na primeira escolha de sua vida eterna (!) optar pela decisão mais que terrivelmente errada!
É de conhecimento amplo que a mulher Eva, começou a derrocada moral do casal quando colheu o fruto e, mais, quando mordeu o fruto, assim o fez com a intenção deliberada de praticar ação contrária à única advertência que o magnânimo Criador fez àqueles que deveriam ser a glória de sua Criação. Eva comeu e, ato contínuo, ofereceu a fruta ao companheiro, instituindo a máxima comportamental que diz: "Quem se ferra tem a incontornável tendência de ferrar o próximo que é para não se ferrar sozinho".
Ora, Adam não tinha nenhuma força coerciva obrigando-o a decidir-se pelo erro. Sim, também ele sabia que comer o fruto daquela árvore era proibido e, no entanto, comeu! Milton, em Paraíso Perdido (um poema enorme!) procura minorar a conduta de flagrante desprezo a um imperativo; o Adam de Milton questiona, considera, medita, se lamenta, faz crochê mas acaba comendo a fruta; e, comeu, danou-se...
O ouvinte primário dessa história perguntar-se-á, a essa altura, que porra de diabo de fruta é essa afinal! Há controvérsias; as versões mais ingênuas acreditam que tratava-se de uma maçã. Todavia, o que há de mais revelador sobre esse fruto é o nome da árvore: trata-se da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Pronto, essa informação singela é suficiente para iluminar todo o mistério dessa alegoria.