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2uisque

Já chego avisando que esse texto é gigantesco...
Peguei de um blog que não está mais ativo,
mas que eu adoro que é o como assim dois uisque? by bituca...

Quem tiver coragem manda ver...!!!






conga, a mulher gorila, maria, lis, e todas essas juntas

meio sentado, meio deitado em seu sofá de seu quarto-e-sala, o telefone tocou. não esperava ligação alguma, então atendeu com um certo receio.

'alô.'
'e aí, meu? tudo bom?'
'não, nada bom. tomei um trago ontem que nem te conto.'
'então não conta...'
'ah, vámerda.'
'olha só, eu te liguei pra dizer uma coisa que eu tô querendo falar há um tempo...'
'ah, não vai dizer que tu é puto também!'
'que nada, meu... tá de palhaçada comigo?'
'não, não. que que é, então?'
'eu nunca passei por isso antes, sabe? é um mundo novo que se criou pra mim, nesses últimos dias. eu fiquei boa parte da minha esperando que algo assim acontecesse e quando vi, tava lá, na minha frente, esse tempo todo. eu só tinha que enxergar e dar um empurrãozinho de nada. cara, tô feliz pra caralho... ah, maria... maria... tô apaixonado!'
'...'
'e aí, não vai dizer nada?'
'...'
'alô? tá aí ainda? alô?'
'tô, tô aqui. desculpa, eu cochilei.'
'puto! eu aqui me abrindo todo e tu nem ouvindo tava...'
'tava sim, tu tava dizendo que tava esperando um mundo novo e aí te deram um empúrrãozinho, algo assim.'
'não! nada disso! eu disse que tô apaixonado!'
'...'
'dormiu de novo?'
'não, isso foi perplexidade.'
'ééé... tu tem que ver como a minha mãe ficou quando eu contei...'
'imagino.'
'e aí, não vai dizer nada?'
'não sei. ela já liberou o anel?'
'caralho! que tipo de pergunta é essa?'
'mina apaixonada libera o anel. certo que libera...'
'ah, tá... eu nem peguei ela ainda...'
'como assim 'eu nem peguei ela ainda?''
'não pegando, ora. mas eu já me declarei e ela topou. só não quer que a gente faça aqui em casa por ausa da minha mãe, que é evangélica...'
'desde quando tua mãe é evangélica?'
'desde que ela viu que a gretchen também é. a gretchen sempre foi o modelo dela...'
imaginou a mãe do amigo come-ning de shortinho fazendo o piripiri. preferiu mudar de assunto. - 'tá, e onde tu vai traçar a mina, então? grana pra motel eu sei que tu não tem e eu não vou te emprestar.'
'aí é que tá... eu tava pensando...'
'ai, ai, ai.'
'sabe como é, eu não sou de pegar muita mulher, tu sabe...'
'sei.'
'pois é, daí eu percebi que tu me dá sorte pra essas coisas, sempre deu...'
'e.?'
'ahn, tu deixa eu levar ela aí?'
'mas nem fudendo! te lembra o que aconteceu da última vez que tu trouxe mulher pra cá pra casa? tu trouxe uma mocréia levitadora pro meu quarto, imundiciou os lençol tudo que eu tive que mandar desinfetar junto com o colchão, e eu ainda fiquei com fama de viado depois que o davi te viu usando a calcinha da mocréia na minha sala! eu nunca mais peguei ninguém depois daquela vez, a gente deixou de ganhar uma grana com a mocréia levitadora e eu ainda tive que dar um vale-transporte pro bicho ir embora daqui de casa! e o pior, ela deve achar até hoje que eu brochei com ela, e não tu! tu brochou e eu levei a fama! e agora quer trazer uma sei-lá-o-quê que tu te apaixonou pro meu apê! sem noção, ô!'
'pô, cara... eu já disse que foi mal... dessa vez vai ser diferente...'
'é? tu vai trazer uma ariranha pra cá? é isso? desisitu de pegar mulher e partiu pros bestialismo?'
'quéisso, meu... não exagera... ela nem é feia... a maria é gatinha...'
'não.'
'pô, eu te deixo ficar uma semana com o playstation.'
'não.'
'tá, duas semanas, mais o tekken.'
'nada feito.'
'assim fica difícil.... um mês com o playstation, tekken, winning eleven, e ainda faço teus trabalho do semestre.'
'hmmm, tá. mas eu quero ver a mina.'
'e como eu faço isso?'
'simples. tu traz ela aqui, eu te deixo a chave e vou dar uma banda. depois tu liga pro celular do edinho que eu vou tar com ele num boteco, eu volto e tu me devolve a chave e leva a ariranha embora. rararararararararraarararararararrararara!'
'pô, não fala assim dela...'
'tá, desculpa. feito o carreto?'
'tá legal... daqui a pouco eu chego aí.'
'como assim daqui a pouco?'
'eu já tinha combinado tudo com ela. tava só espreando tu dar o pronto...'
'mas que puto! tá, tá. faz assim, já traz o play junto.'
'certo. eu só queria te fazer mais uma pergunta...'
'lá vem bronca. vai dizer que não tem camisinha?'
'não, isso eu tenho de monte. tu nem sabe, a mina tá numa fissura...'
'que que é, então?'
'eu ia perguntar se tu viu a levitadora outra vez depois daquilo...'
'vi, num circo, uns dia depois.'
'num circo?'
'é, ela tava trabalhando lá.'
'de levitadora?'
'não, ela era o gorila do número da conga.'
'sério?'
'arrã.'
'...'
'e aí?'
'nada... tava pensando no que tu falou agorinha... tu disse que não pegou mais mulher depois da vez da levitadora...'
'é, eu disse. e daí?'
'ué, como e daí? e a tal de lis que tu diz que pega direto?'
'ah, mas a lis eu só pego quando ela tá muito de trago. aí não vale'
'e o anel?'
'que anel?'
'o da lis, cara... já foi?'
'foi. três vez.'
'então ela tá muito apaixonada...'
'pode até ser, mas isso é só quando ela tá de trago. eu acho que se ela tá apaixonada, tá apaixonada por uma ceva. aliás, por um monte de ceva. tem que ver o que eu gasto pra pegar essa mina.'
'tá, tô indo aí.'
'não esquece o tekken.'
'podicrê...'



* * * * *



acordou com um ruído de cigarra ao longe, enquanto fugia de conga, a mulher gorila, que o perseguia levitando. olhou em volta, estava em seu sofá, ainda. na mesma posição, e com a mesma dor atrás dos olhos. interfone. era esse o ruído de cigarra que o salvara da conga. ainda bem. levantou-se, soltando um ai seco pela dor que sentia no corpo todo agora, cochilara desde que desligara o telefone, e imaginava se a conversa que tivera não fora um sonho. pensou em ligar pra lis. interfone.

'tá, tá, tá! já vai, porra.'
'e aí, meu?'
'sobe.'

terminou o copo de leite de um só gole, engolindo junto duas aspirinas e logo bebendo um pouco da sidra aberta na geladeira quase vazia. antes de atender à porta, ainda pegou uma fatia de presunto velho e ressecado, escurecido, que havia no plástico protetor mal fechado.

'ôpa...'
'ôpa. cadê a mina?'
'tá pagando o táxi. já vem. onde eu deixo o play?'
'ali, ó, do lado da tevê. táxi?'
'trouxe o tekken. é, táxi. ela não gosta de andar de ônibus...'
'parece a lis... tekken, massa. e a mina, é gostosa?'
'caralho! tem uns peitinho pequeno e durinho, não precisa sutiã nem vento... cabelo pretinho, pretinho, olhão castanho, um tesão!'
'parece a lis, até.'
'é mesmo?'
'arrã. a lis tá sempre de sainha curta, blusinha apertada, igual aquela mina que vem subindo as escada ali.'
'ah, aquela ali é a maria, a mulher da minha vida..'
'...'
'que foi? perplexo? gostosa ela, não? me dei bem...'
'caralho! aquela ali é a lis!'
'oi, tudo bom? maria elisa. peraí, tu não é o...'
'sou eu mesmo. que porra tu tá fazendo aqui? e a mina dele, cadê?'
'essa é a minha mina...'
'não! essa é a lis! a minha lis!'
'tua nada, palhaço. eu sou só minha.'
'putaqueteospariu! não pode ser! lis!'
'maria elisa.'
'por que tu não me disse que teu nome é maria elisa?'
'e tu peguntou, por acaso? tava sempre mais preocupado em me encher o rabo de cerveja pra tentar me comer.'
'como assim tentar? eu já te comi de tudo que foi jeito!'
'mas bem capaz! só se eu tivesse muito mamada!'
'mas tu tá sempre mamadaça quando eu te como!'
'ah, tá. vai querer me passar esse godô, agora? eu não ia pra cama contigo nem que fosse a gretchen!'
'ô, maria, não fala assim. minha mãe curte a gretchen...'
'azar o da tua mãe, seu bosta! o que que é isso? por acaso vocês dois tão de conchavo pra tentar me comer, é? é isso? e agora o que iam fazer, botar boa-noite-cinderela na minha bebida?'
'não é isso, lis.'
'maria elisa.'
'tá, que seja. não é isso. ele disse que tá apaixonado por ti. mas quem te pega sou eu! eu!'
'nunca! mentiroso!'
'ih, ele disse que tu até liberou o anel...'
'liberei o anel? como é? só mulher apaixonada libera o anel, todo mundo sabe disso! cachorro!' - tapa.
'peraí, foi três vez! e tu gostou!' - esfregando o rosto.
'ra! nojento!' - tapa. esquiva.
'maria, não fica assim. foi tudo mal-entendido...' - tentando segurar os braços dela.
'mal-entendido são vocês, de mulher! eu vou é embora. se quiserem, podem ficar se comendo aí à vontade, que comigo não tem jogo! vê se eu posso com isso!' - desvencilha-se.
'não faz assim, maria...'
'pô, lis, depois de tudo...'
'maria elisa! tchau pra vocês. e tu aí, tu me deve doze pila do táxi.'
'topa uma ceva na terça?'
'vão se fuder vocês! longe de mim!'

e desceu as escadas, a saia subindo a cada passo e ela ajeitando a cada três, furiosa. ficaram os dois ali, um com a mão no rosto, o outro, tão arrasado quanto, tirando os óculos pra deixar escorrer uma lágrima tímida. o silêncio voltou, quando o último degrau foi pisoteado pelo salto dela, lá embaixo.

'caralho, fudeu tudo...'
'nem me fala. ai, minha cabeça. que mão pesada. gozado que quando ela bate uma pra mim a mão não parece tão pesada.'
'...'
'não fica assim, cara. mina aparece, sempre. essa lis é uma chinela.'
'é, as que aparecem ou são levitadora ou liberam o anel pra ti quando tão de trago... merda de vida...'
'não fica assim. e agora é mulher gorila levitadora, não esquece.'
'tá, eu sei o que ela é... será que a maria vai me ligar de novo?'
'rarararararararararararararararararararararararararararararararararararararararararararararaa!'
'pô, não faz assim comigo, meu...'
'foi mal. não güentei. rerere.'
'...'
'foi mal, cara.'
'tá, tudo bem... que que a gente faz agora?'
'pois é. bom, eu tenho sidra e presunto na geladeira.'
'não gosto de presunto...'
'ah, é. esqueci.'
'...'
'sidra?'
'vamo...'
'tekken?'
'vamo! o eddie gordo é meu!'
'só deixa eu pegar mais umas aspirina antes.'